sábado, 27 de maio de 2017

Depressão pós-parto paterna

Poucas pessoas sabem o que é Depressão pós-parto (DPP), menos ainda que homens também podem ter DPP. Os primeiros estudos sobre a DPP paterna só surgiram há pouco mais de 10 anos, quase exclusivamente no norte da Europa. Indo direto ao ponto, a DPP consiste em um tipo de Depressão (tristeza doentia) que surge até um ano após o nascimento de uma criança.

Já na gestação e, principalmente, nos primeiros meses de vida do bebê, tanto o homem quanto a mulher sofrem mudanças hormonais, sociais e na autoimagem, desorganizando a rotina e o bem-estar de ambos os genitores. Por exemplo, se você já teve filho, provavelmente ficou noites sem dormir direito, passou a brigar mais com a mãe da criança que antes do nascimento, ia trabalhar exausto e irritado. Porém, dificilmente teve a oportunidade de conversar sobre isso. (Almeida, 2007; Oliveira & Silva, 2011, 2012; Postpartum Men, 2017).

Não se sabe ao certo quantos homens sofrem de DPP, estima-se que entre 10 e 25% dos pais possuem os sintomas. Ou seja, a quantidade de pais que desenvolve DPP pode variar de um para cada dez pais a até um caso de DPP para cada quatro pais. O que parece certo é que há uma relação entre a DPP paterna e a materna, ou seja, se a mulher apresenta DPP, o homem, provavelmente, também terá, e vice-versa. (Lovizutto & Schiavo, 2014)

Alguns pesquisadores sugerem que homens tendem a apresentar sintomas diferentes que as mulheres quando acometidos de Depressão (ex.: Hart, 2001). Sendo assim, é importante prestar atenção em sintomas clássicos e os da chamada "Depressão mascarada":
Sintomas clássicos
  • Sentimentos de tristeza, culpa ou vergonha constantes;
  • Crença de se ser inadequado, incompetente, imprestável; 
  • Perda de apetite;
  • Insônia; 
  • Falta de desejo sexual
  • Inquietação; 
  • Falta de energia ou cansaço o tempo inteiro;
  • Dificuldades em criar uma ligação ou cuidar do bebê;
  • Falta de concentração ou dificuldade de tomar decisões;
  • Isolamento; 
  • Pensamentos que irá machucar o bebê;
  • Pensamentos recorrentes de se matar
Depressão mascarada (mais comum em homens)
  • Irritabilidade ou comportamento agressivo;
  • Uso excessivo de álcool e drogas;
  • Impulsividade (dificuldade de se controlar);
  • Comportamentos de risco (ex.: dirigir sem cuidado, sexo com muitas pessoas etc).
  • Dores físicas sem causa orgânica (ex.: dores de cabeça ou de estômago);
  • Vício por trabalho ou fazer esportes;

Os efeitos ainda são desconhecidos, mas sugere-se que prejudica as relações conjugais, podendo culminar em divórcio, e as habilidades sociais das crianças, principalmente meninos, isso é, as crianças tendem a apresentar dificuldades de relacionamento com os outros, como problemas de agressividade, baixa autoestima e isolamento, podendo desenvolver transtornos mentais; além, é claro, de todos os problemas decorrentes de outras formas de Depressão.

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Obras citadas
Almeida, M. B. V. B. de (2007). Paternidade e subjetividade masculina em transformação: crise, crescimento e individuação, uma abordagem junguiana. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo. Recuperado em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-13082007-150555/pt-br.php

Lovizutto, M. das G. F. F., Schiavo, R. da A. (2014). O que sabemos sobre a Depressão Pós-parto paterna? Psicologado, recuperado em: https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/o-que-sabemos-sobre-a-depressao-pos-parto-paterna

Oliveira, A. G. de; & Silva, R. R. (2011). Pai contemporâneo: diálogos entre pesquisadores brasileiros no período de 1998 a 2008. Revista Psicologia Argumento, 29(66), 53-360. Recuperado em: http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/pa?dd1=5293&dd99=view&dd98=pb

Oliveira, A. G. de; & Silva, R. R. (2012). Parto também é assunto de homens: uma pesquisa clínico-qualitativa sobre a percepção dos pais acerca de suas reações psicológicas durante o parto. Interação em psicologia, 16(1), 113-123. Recuperado em http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=668938&indexSearch=ID.

Postpartum Men. (2017). Postpartum men: helping men beat the baby blues and overcome depression. Recuperado em http://postpartummen.com/

sábado, 13 de maio de 2017

Estudos de Paternidade - de onde viemos e para onde vamos?

Se você já procurou alguma coisa sobre desenvolvimento infantil, você provavelmente sabe da importância da mãe para que uma criança seja saudável. Entretanto, não deve ter visto nada sobre o pai. A Psicologia do Desenvolvimento Infantil tem contribuído para afastar o homem do convívio familiar, dizendo que o homem é incapaz de cuidar dos próprios filhos/as, e atribuindo à mulher toda a responsabilidade pela saúde da criança. Uma Psicologia que reduz o relacionamento pai-mãe-criança a uma "tríade de dois" (S. SILVA, 2004, p. 37), e que é
"Alienante e culpabilizante para as mulheres, o mito do instinto materno se revela devastador para as crianças, em particular para os meninos. Esta teoria postula que a mãe é a única capaz de cuidar do recém-nascido e da criança porque fica determinada biologicamente para isso. O par mãe/criança formaria uma unidade ideal que ninguém pode nem deve perturbar. Legitima-se a exclusão do pai, com isto reforça-se a simbiose mãe/filho. (p. 43-44)."
Quando a Psicologia fala da importância do pai, fala-se que, após uma certa idade, ele deve romper a simbiose mãe-bebê, simbiose que os próprios psicólogos alimentaram e o advertiram para proteger, pois rompê-la seria danoso à criança. Eu mesmo, quando preciso procurar fontes científicas sobre paternidade, tenho dificuldade de encontrar artigos bons e preciso recorrer a revistas de enfermagem, que fazem análises psicológicas muito melhores que trabalhos feitos por psicólogos.

Voltemos aos fatos, o pai só começa a ser tratado como importante a partir de 1976, quando Michael E. Lamb publica o livro The role of the father in child development (O papel do pai no desenvolvimento infantil). Porém estudos mais consistentes, explorando a qualidade da relação pai-criança só começaram a surgir na década de 90 (GOETZ; VIEIRA, 2013) e, no Brasil, a comunidade científica só começa a estudar com afinco após o ano de 2004, aproximadamente (OLIVEIRA; R. SILVA, 2011; VIEIRA et al., 2014).
O que precisamos ter em mente ao falar da paternidade? Tornar-se pai acarreta em mudanças na autoimagem, nas relações sociais e nos hábitos de saúde (MORAES et al., 2016), conta com mudanças hormonais para auxiliar na paternagem (NUNES-COSTA et al., 2014), muda em função da personalidade paterna, personalidade da criança, sexo da criança, qualidade da relação conjugal, nível de escolaridade, trabalho, motivação, autoconfiança, suporte social e idade, tanto do pai quanto da criança (LAMB, 1997).

Costumamos reclamar que homens ainda não dividem os cuidados em igualdade com as mulheres. Mas como conseguiremos dividir o tempo em duas metades perfeitamente iguais se, nos casos de divórcio, damos a guarda, quase sempre, só pra mãe (IBGE, 2014) e a duração máxima da licença-paternidade é de 20 dias (nos casos de empresa cidadã) e a duração mínima da licença-maternidade é de 120 dias (ou seja, a licença-maternidade é de 6 a 36 vezes maior que a licença-paternidade)?
Outra questão: por que o pai precisa cuidar da criança nas mesmas áreas em que a mulher é boa? A divisão de tarefas é ruim quando extremamente rígida, impedindo as pessoas de realizarem seus potenciais e de serem felizes, mas a divisão em si não é nem boa, nem má. Tomemos, por exemplo, o estudo de Goetz e Vieira (2013), que perguntou a crianças de 10 e 11 anos sobre como deveria ser um pai e uma mãe ideais e como eram seus pais e mães.

No geral, mulheres se saíram melhores que homens, não havendo grandes diferenças entre a mãe ideal e a mãe real, mas ainda aquém do desejado. Entretanto, as crianças disseram que um pai e/ou uma mãe ideal deveria brincar, em média, pouco mais de quatro vezes por semana com eles e as mães não chegam a brincar nem duas vezes, enquanto os pais brincam de três a quatro vezes por semana.
Esses resultados colaboram com os diversos estudos que apontam que homens brincam mais e tendem a construir o vínculo pai-bebê baseado no lúdico. Muitas pessoas desvalorizam essa atitude, achando que, ao fazer isso, o pai está se reduzindo a um mero recreador, mas brincar é de fundamental importância para a saúde mental e desenvolvimento cognitivo da criança. Qualquer bom professor ou terapeuta brincará com a criança para que ela aprenda e fique bem, por que não deixar o pai fazer o mesmo?

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Obras citadas não disponíveis on-line
GOETZ, E. R; VIEIRA, M. L. Pai real, pai ideal: o papel paterno no desenvolvimento infantil. 3ª ed. reimpr. Curitiba: Juruá, 2013.

LAMB, M. E. The role of the father in child development. New York: John Wiley & Sons, 1997.

MORAES, Y. L. de; ARGENTA, K. S. M.; REZENDE, M. M. A experiência da paternidade de pais de bebês: um estudo descritivo-exploratório. 2016. 278p. Relatório de iniciação científica (Iniciação Científica com bolsa UMESP na graduação em Psicologia) - Escola de ciências médicas e da saúde, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP. 2016.

SILVA, S. M. da. Exercícios da paternidade: estudo de dois casos clínicos. 2004. 162 p. Dissertação (pós-graduação em Psicologia da Saúde) – Faculdade de Saúde, Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, SP. 2004

domingo, 7 de maio de 2017

Masculinidade positiva - o que há de bom nos homens

Hoje, falaremos um pouco sobre o Capítulo 5 do do livro An International Psychology of Men, intitulado Promoting Positive Masculinity while addressing Gender Role Conflict, do psícologo americano, Mark S. Kiselica.

Mark S. Kiselica é psicólogo positivo e ex-presidente da Society for Psychological Study of Men and Masculinity. A grande contribuição de Kiselica para a Psicoandrologia são duas: primeiro é que seus estudos possuem embasamento empírico, ou seja, não são meras especulações teóricas; a segunda é sua ênfase em ver os homens como seres humanos completos, com defeitos, mas principalmente, qualidades.

Kiselica adverte-nos que não devemos focar apenas nos defeitos dos homens, muito menos em ver seus problemas apenas como resultados de uma "masculinidade tóxica", todos temos qualidades e devemos valorizar isso ao falarmos com homens. Vou apresentar as 10 qualidades masculinas listadas por ele. Antes, quero apenas lembrar o leitor que não se trata de qualidades apresentadas apenas por homens, mas são qualidades, geralmente, associadas aos homens, cobradas pela sociedade que os homens as possuam e há estudos empíricos comprovando que são mais frequentes em homens que em mulheres.

  • Estilos masculinos de relacionamento: Homens e meninos tendem a se divertir e ter momentos de intimidade através de atividades instrumentais e orientados para a ação, ou seja, por meio de jogos, esportes ou trabalhando em um projeto. Se estiver tendo dificuldades para que um homem "se abra" para você, tente perguntar enquanto realiza uma atividade, como um jogo.
  • Formas de carinho masculino: Homens são criados para se importarem e proteger amigos e outras pessoas amadas, além de terem empatia de ação, que é a capacidade de agir baseado em como o outro vê as coisas (não confundir com a empatia emocional, que é a capacidade de entender como a outra pessoa está se sentindo e mais forte nas mulheres). Se você acha que um namorado, filho, amigo não gosta mais de você porque ele não expressa verbalmente, lembre-se que homens tendem a manifestar seu carinho por meio de ações. Valorize mais essas ações.
  • Paternidade generativa: bons pais respondem de forma rápida e adequadamente às necessidades do(a) filho(a), de acordo com as necessidades de cada idade, preocupando-se em levar a próxima geração a um futuro melhor. Como mencionei no último post, homens são preocupados em garantir um desenvolvimento saudável a seus filhos e filhas, seja esse desenvolvimento moral, intelectual, emocional ou social.
  • Independência masculina: Homens são educados para enfrentar os desafios da vida com seus próprios recursos. Um homem com uma dose saudável de independência considera a opinião dos outros sobre problemas, mas não permite que os outros tomem decisões por ele. Ao mesmo tempo, ele considera as necessidades dos outros e como pode satisfazê-las.
  • A tradição do homem trabalhador/provedor: É culturalmente esperado que um homem trabalhe, sendo a palavra "trabalhador" um pré-requisito para que o homem seja visto socialmente como um "homem de verdade", além de, sustentar financeiramente sua família ser visto como uma demonstração de amor. Assim, o trabalho provê ao homem um senso de propósito e realização, sendo um importante fator de promoção à saúde e qualidade de vida.
  • Coragem e ousadia masculina: Meninos e homens com bom senso aprendem a diferenciar riscos que valem a pena correr e riscos tolos, agindo com coragem e ousadia em tarefas que podem ser perigosas, mas necessárias, seja arriscando-se para proteger alguém, seja na execução de trabalhos perigosos e, muitas vezes, insalubres.
  • Orientação a grupos: Homens são propensos a formarem grupos para atingir um propósito comum e eles formaram grupos há milênios para atingir as maiores realizações da humanidade. Homens passam mais tempo em atividades de grupo coordenada, enquanto mulheres passam mais tempo em relações diádicas (apenas duas pessoas). Se você fizer uma lista de atividades realizadas em grupo, observará que homens tendem a apreciar a maioria mais que mulheres.
  • Serviços humanitários em fraternidades: Ao longo da História, homens formaram organizações destinadas a ajudar os outros. O envolvimento em organizações sociais masculinas é uma oportunidade para homens desenvolverem interesse social, ou seja, um senso de pertencimento e participação com outros para um bem comum, construindo um mundo melhor.
  • Uso do humor: Homens usam o humor como forma de obter intimidade, diversão, uma forma de criar experiências felizes, como uma forma de mostrar que se importam com os outros, para reduzir a tensão e lidar com conflitos. Pesquisas indicam que homens usam o humor como ferramenta de cura em tempos de estresse e doença. Lembrem-se de Harry Potter e o prisioneiro de Azkaban. O bicho-papão sempre assume a forma daquilo que você tem mais medo e, para derrotá-lo, deve-se fazê-lo "pagar mico", usar um "feitiço de humor".
  • Defence against boggart
  • Heroísmo masculino: Ao longo da História, incontáveis homens usaram a "masculinidade tradicional" para juntar as qualidades anteriores e superar grandes obstáculos, fazendo contribuições excepcionais. Homens heróicos incluem personagens mitológicos, como Hércules, figuras históricas como Martin Luther King, e heróis do cotidiano, como pais devotados e trabalhadores.
Qual dessas qualidades é a sua preferida? Teria alguma outra a acrescentar? Deixe sua resposta nos comentários, inscreva-se para receber atualizações, e compartilhe com os amigos.

sábado, 6 de maio de 2017

Psicologia - ciência amiga ou inimiga dos homens

Quando digo para as pessoas que meu principal interesse é na Psicologia do homem, na Psicoandrologia, a primeira reação das pessoas é fazer uma careta e perguntar por quê, reação que não percebo quando colegas dizem "quero trabalhar com autistas", "com RH", "com câncer", "com escola" etc. Por que é tão estranho querer trabalhar com homens?
Conheci essa área da psicologia em 2013 e de lá para cá, me surpreendo cada vez mais, num sentido bem negativo, com a forma como psicólogos tratam esse segmento da população. O primeiro "contato" que tive, foi com a ausência. Na biblioteca da faculdade, havia cerca de 7 livros sobre psicologia feminina para cada livro sobre psicologia masculina.

Comecei a procurar, nas redes sociais, outros psicólogos que se interessassem pelo assunto e, até hoje, só encontrei um e, o que é pior, não foi num grupo de psicólogos. Perdi as contas de quantas palestras, cursos, workshops e atendimentos especializados vi para "mães de autistas", "mães de gêmeos", "mães de crianças com síndrome de Down", "mulheres que sofreram abortos", "mulheres vítimas de violência conjugal", "como ser mulher no século XXI", "como ser uma mulher de sucesso no trabalho e ainda ser feminina", "como as mulheres podem conciliar trabalho e família", "entre em contato com sua deusa interior", "encontros de mulheres" e por aí vai. Até hoje, nunca vi um anúncio de evento para homens. Quando pergunto por que deixar os homens de lado, a resposta geralmente é "que bom que você se interessou. No momento, trabalho apenas com mulheres, mas farei algo para os homens no futuro". Só que o futuro nunca chega e, quatro anos depois, a mesma pessoa continua me dando a mesma resposta para o mesmo curso.
O mais próximo que já vi de um evento disposto a abordar o atendimento a homens foi uma palestra sobre gênero na qual houve quatro apresentações: uma sobre homossexuais, uma sobre homens, uma sobre mulheres e uma sobre transsexuais. Essa foi, talvez, a minha maior decepção, pois o palestrante que se propôs a falar sobre homens não falou sobre homens, mas falou que seus pacientes eram quase todos mulheres que reclamavam de não conseguir um "homem de verdade" e que "não se fazem mais homens como antigamente". A partir daí, ele começou a "filosofar" sobre o comportamento masculino sem mencionar um único estudo sobre psicologia masculina, sem considerar a opinião de um único indivíduo sobre a sua própria experiência em ser homem e, quando eu o indaguei por que essa abordagem, a resposta foi "porque os homens não vão para o consultório". 
Homens são 49% da população brasileira e o próprio palestrante era homem! Ele poderia simplesmente ter conversado com amigos, vizinhos, colegas de trabalho, qualquer coisa pra dar um pouco de fidedignidade, mas não! Ele preferiu dizer que homens estão mais covardes, que eles têm medo de "mulheres independentes" e preferem se esconder atrás de aparelhos eletrônicos. Há homens com esse perfil? Aposto que sim. É por esse motivo que mulheres não conseguem encontrar "homens de verdade"? Claro que não.

Nos Estados Unidos, a Sociedade de Estudos Psicológicos do Homem e da Masculinidade (51ª Divisão da APA), que é o mais próximo de uma comunidade científica de estudos psicológicos sobre homens, tem como um de seus objetivos criar uma "Psicologia empática para com homens". Pegue qualquer livro produzido pela 51ª divisão, um artigo escrito por qualquer membro, acompanhe o grupo oficial do Facebook e você verá muitas coisas interessantes e úteis, mas, ao se distanciar um pouco e ver de forma mais objetiva e racional, perceberá que homens são infantilizados. Para a "Psicologia do Homem e da Masculinidade", a masculinidade é sempre tóxica e os homens são egoístas, violentos, insensíveis, sádicos e covardes. Nas palavras de Kiselica (2010), aquele que considero, por enquanto, o único membro sensato dessa comunidade,
"[A Psicologia do Homem e da Masculinidade] abraça esse tipo de modelo deficiente de desenvolvimento masculino que, além de não ter embasamento empírico, também contradiz um grande corpo de evidências em Psicologia do Desenvolvimento, podendo ter consequências perigosas. Ela alimenta a mentalidade de que garotos e homens são defeituosos, que precisam de conserto, e que eles são os culpados pelos problemas que os trazem a terapia". (p. 132-133, tradução minha)

Se você acha que estou exagerando, vá nos portais da Scielo, na PePSIC ou na BVS-Psi e escolha qualquer artigo que aborde a masculinidade. Que não apenas descreva, mas tente explicar o comportamento masculino e, com raras exceções, eles só mencionam os defeitos dos homens, geralmente de forma a induzir no leitor que os homens e os defeitos masculinos são uma coisa só. Poucos são os trabalhos que se salvam. Não estou especulando, estou trabalhando num artigo de revisão sistemática da literatura e, embora ainda não esteja concluído, já li mais da metade, mais de 30, dos artigos e digo que dificilmente essa impressão sairá.

Minha última terapeuta disse-me: "homens não vêem ao consultório porque vivemos numa sociedade machista. Se você quiser viver de atender homens, vai passar fome". Bom, por que homens iriam procurar um psicólogo se, antes de ser atendido, o psicólogo já sabe qual a causa do problema (machismo, masculinidade tóxica) e que o tratamento é uma espécie de doutrinação ideológica? Não temos a coragem de levantar a bunda da poltrona para perguntar a um amigo sobre um determinado assunto, mas sabemos e ensinamos a todos que homens têm medo de mulheres independentes?
Nesses últimos quatro anos, tenho prestado mais atenção nas pessoas quando saio de casa, em meus parentes e amigos e, principalmente, tenho procurado grupos de homens que discutem sobre a condição e as necessidades masculinas contemporâneas e afirmo, homens estão dispostos a "se abrir, falar de seus sentimentos", desde que estejamos dispostos a ouví-los. Por exemplo, em minha faculdade de graduação, esse ano, foi criado um projeto de pré-natal psicológico com mulheres gestantes. Os homens, vendo que aquilo estava fazendo bem a suas companheiras, pediram que também fosse feito um projeto com eles, pois eles não têm um espaço no qual possam conversar sobre a paternidade. Agora, a universidade não consegue criar um grupo de pré-natal para homens, porque o projeto foi pensado apenas nas mulheres e a logística não permite.

Recentemente, buscando conhecer melhor o que a Psicologia poderia oferecer aos homens, criei um formulário e solicitei que homens com mais de 15 anos o respondem-se (clique aqui para respondê-lo), o qual apresentarei os resultados até o presente momento.


  • No total, houve 48 respondentes;
  • A idade variou entre 15 e 62 anos (média: 27,5 anos, desvio padrão: 9,5 anos);
  • Responderam homens de 15 estados brasileiros, principalmente São Paulo (16 respondentes) e Paraná (6 respondentes);
  • 40 deles (83,3%) acham importante que haja grupos de discussão das necessidades masculinas;
  • Aqueles que disseram conhecer tais grupos (26 participantes) mencionaram grupos ativistas por direitos dos homens, totalmente virtuais (sim, compartilhei o formulário em grupos ativistas e sim, está enviesado. Mas também mandei para outros grupos, como ativistas por direitos das mulheres e o retorno foi baixíssimo. Então, essa é a população de referência). O único participante a mencionar um grupo presencial, apontou para um grupo feminista de reeducação de homens que agrediram suas companheiras;
Os temas mais importantes para se abordar obedeceram o seguinte rank:
  • 1º) com 39 votos (81,2%), o tema "Paternidade" é considerado o tema mais importante para os homens;
  • 2º) empate triplo entre "Educação", "O que significa 'ser homem'" e "Saúde". Cada um recebeu 36 votos (75,0%);
  • 3º) Suicídio - 35 votos (72,9%)
  • 4º) Relações amorosas e/ou sexuais - 34 votos (70,8%)
  • 5º) Trabalho - 33 votos (68,8%)
  • 6º) Violência - 32 votos (66,7%)
  • 7º) Dependência química - 23 votos (47,9%)
  • 8º) Empate entre "Esporte" e "Outros" - 12 votos (25%) cada
Vendo esses resultados, fica claro para mim por que homens não procuram serviços psicológicos. Quase todos os programas específicos para homens focam em violência (geralmente doméstica) e, quando há, em dependência química, temas que estão por último do rank de prioridades.

Por que quando trabalhamos com homens, precisamos focar na violência nos relacionamentos amorosos (sendo obrigatoriamente, o homem como agressor)? Por que não podemos falar do que significa ser homem num relacionamento amoroso? Afinal, as mulheres passaram a ter permissão para xavecar um homem e não ser chamada de vadia, mas ainda é esperado que o homem tome a iniciativa e, se a mulher tomar a iniciativa, ele é obrigado a ficar com ela. Por que não falamos sobre o impacto do trabalho no exercício da paternagem?

Terminarei com dois novos formulários: Se você é psicólogo(a) e tem alguma experiência no atendimento a homens que gostaria de relatar, para que eu aborde mais detalhadamente, clique aqui. Se você é homem e passa ou já passou por atendimento psicológico, compartilhe conosco sua experiência aqui.

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Obra citada
KISELICA, M. S. Promoting Positive Masculinity While Addressing Gender Role Conflict: A Balanced Theoretical Approach to Clinical Work with Boys and Men. In: BLAZINA, C.; SHEN-MILLER, D. S. An international psychology of men. New York: Routledge, 2010. Cap. 5, p. 127-156.

Para que uma Psicoandrologia?

Qual a necessidade de uma área da Psicologia focar apenas nas características dos homens? Bem, podemos começar com a citação de Kipnis, que usei na primeira postagem.
"É o bastante para nós saber que, por qualquer motivo, os sexos são diferentes de muitas formas. Sendo assim, podem precisar de abordagens diferentes para seus problemas psicológicos" (Kipnis, 2004, p. 187, tradução minha).
É de conhecimento geral que há doenças e problemas mais frequentes em um sexo que em outro. Por exemplo, que homens tendem a procurar os serviços de saúde quando a doença está num estágio mais avançado, dificultando o tratamento. Este é, talvez, o principal objetivo do Plano Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), descobrir como fazer os homens procurarem os serviços de saúde mais cedo e com mais frequência.

Os dados mais recentes mostram que, no Brasil, 94% das pessoas mortas por armas de fogo foram homens, um total de 39.895 homens mortos (Mapa da violência 2016), 93% dos homicídios de adolescentes com 16 e 17 anos eram homens, foram 3.845 rapazes assassinados (Mapa da violência 2015) e homens suicidam-se quase 4x mais que mulheres (Machado e Santos, 2015). Em Dezembro de 2007, 93% da população carcerária era do sexo masculino, mais de 396 mil presos (Departamento Penitenciário Nacional). Em 2002, houve 4.580 óbitos de homens relacionados à dependência de álcool (Marín-León, Oliveira e Botega, 2007), sendo que 19,5% (quase 1 em cada 5) dos homens são dependentes de álcool, enquanto apenas 6,9% das mulheres também o são; e 14,3% dos homens usam ou usaram maconha (cerca de 3x mais que as mulheres) (CEBRID, 2005).

A pessoa em situação de trabalho escravo na Amazônia é, quase sempre, homem (Théry, Mello, Hato e Girardi, 2009) e 82% dos moradores de rua, em todo o Brasil, também. São pouco mais de 26 mil homens vivendo nas ruas (Cortizo, 2015), além de 76,1% (5,5 milhões) das pessoas que sofreram acidente de trabalho entre 1998 e 2011 (BRASIL, 2013).
Homens cometem e sofrem violência conjugal quase na mesma proporção que mulheres (Zaleski et al., 2010), embora apenas a violência contra a mulher receba atenção. Em 2013, 86,3% dos casos de divórcios concedidos em 1ª instância terminaram com a guarda unilateral para mãe, ou seja, 179.674 crianças e adolescentes ficaram sob os cuidados apenas da mulher, cabendo ao pai apenas o direito de "visitar" seus filhos/as (IBGE, 2014). É sabido que a perda do convívio prejudica o vínculo paterno-filial, podendo terminar com a completa ruptura da relação de um homem com sua prole. Um homem nascido no ano 2000 tem uma expectativa de vida de quase 8 anos a menos que uma mulher nascida no mesmo ano e há quem diga que homens são maioria das crianças e adolescentes com distúrbios de aprendizagem, reprovação e evasão escolar, além de terem notas mais baixas, mas não encontrei fontes confiáveis sobre esses dados.

(Agradeço ao Tiago M. Peixoto, pois sem ele, não teria conseguido muitos desses números).

Para explicar essas diferenças, eu poderia recorrer às teorias que apresentei no primeiro post. Poderia dizer que isso é simples reflexo da neurofisiologia masculina, que é mais agressiva e propensa a correr riscos, ou que isso é culpa de nossa socialização patriarcal que faz os homens acreditarem que são invulneráveis e que não devem buscar ajuda. 

Quantas vezes não ouvi psicólogos dizerem que homens não procuram nossos serviços por preconceito, machismo, vergonha de pedir ajuda? Mas engraçado, homens não têm vergonha de "pedir ajuda" a um advogado, consultor financeiro ou a um banco.

Assim, ambas as respostas são simplistas demais. Se tais dados são apenas reflexo da diferença cerebral entre homens e mulheres, então não há nada que possamos fazer para mudar isso. Se é culpa do patriarcado, por que situações semelhantes, como a menor expectativa de vida, repetem-se mesmo em sociedades não patriarcais? Além de, "patriarcado" não é uma coisa física, nem uma instituição ou doutrina, mas um nome dado a um determinado padrão de comportamentos, seguido por um grande conjunto de pessoas, por razões desconhecidas pelas próprias pessoas. Como "destruir" um conceito? 

Ao invés de seguir o caminho da maioria dos psicólogos de "saber" o problema de um homem, mesmo que nunca tenha conversado com ele e transformar uma terapia ou um estudo científico numa aula de feminismo que, na prática, não oferece resultados, defendo que precisamos ter coragem de abandonar respostas fáceis e reducionistas e encararmos a verdade: usar uma teoria de mulheres que se sentem oprimidas por homens para educá-los não surte efeito, pois eles não se identificam como "opressores". 

Ao invés disso, precisamos recuperar nossa capacidade de escuta e empatia, para entender a lógica por trás do comportamento masculino. Afinal, se homens morrem mais porque foram educados para acreditar que são invulneráveis, por que não temos mais homens se jogando na frente de ônibus e trens para chegar ao trabalho e acreditando que sairão ilesos? Eu pretendia abordar essas questões aqui, mas terá de ficar para a próxima. Encerrarei dizendo que existe um motivo, além dos que mencionei anteriormente, que justificam a criação de uma ciência psicológica do homem e que, na minha opinião, é mais importante que todas as outras juntas:

Homens são cerca de 49% da população! Não há como você passar a sua vida inteira sem ter contato com um homem. Inclusive, não sei qual o seu sexo/gênero, caro leitor, mas há 50% de chances de você fazer parte dessa magnifica população.

terça-feira, 2 de maio de 2017

O que chamo de psicoandrologia

Nesse primeiro post, pretendo explicar o que entendo por psicoandrologia, quais os objetivos desse blog e prometo que tentarei ter uma nova postagem na primeira semana de cada mês.


O termo "psicoandrologia"foi criado por mim através dos termos gregos "psyché" (ψυχή - mente, alma) + "andrós" (ανδρος - homem, humano do sexo masculino) + "logos" (λόγος - palavra, razão, estudo) e seria a área da Psicologia responsável por compreender fenômenos psíquicos específicos dos homens, indo além da mera compreensão do aparelho reprodutor masculino como estudado pela Andrologia.



Apesar do termo ser novo (e só usado por mim até a presente data), o desejo que humanos têm de compreender as diferenças de personalidade, intelectuais e emocionais entre homens e mulheres é, provavelmente, tão antiga quanto a própria humanidade. Entretanto, como bem apontado por diversos estudos, a definição do que significa "ser homem" está relacionada com a definição do que é "ser mulher", de forma que não se consegue falar de um sem mencionar o outro. Assim, a psicoandrologia estaria "presa" à psicoginecologia, pois, se homens e mulheres são iguais, então não é uma característica nem masculina, nem feminina, mas simplesmente humana.



Mas por que usei esses termos, ainda desconhecidos, ao invés de algo mais fácil ou conhecido? Porque há uma diferença importante entre o que creio ser uma Ciência da Masculinidade autêntica e a forma como a masculinidade vêm sendo tratada pelo meio acadêmico e que pode ser dividida nas seguintes formas:



1) A forma mais antiga, presente já na Grécia e China Antigas e presente em teorias biológicas mais tradicionais, é a que eu chamo de Teoria dos Dois Mundos, que pode ser resumida pelo título do célebre livro "Os homens são de marte, as mulheres são de vênus", de John N. Gray. Ela consiste na crença de que existem atributos "masculinos" e outros "femininos" totalmente opostos, incomunicáveis, que deveriam ser inatos e, quando um homem apresenta traços psicológicos femininos ou uma mulher apresenta traços psicológicos masculinos, estamos diante de uma doença. Esse "corpo teórico" nunca se formalizou uma área com características próprias. Sendo assim, não possui autores, obras ou nome específico e tende a ser simplesmente chamada de "Psicologia masculina".

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2) A segunda forma passa a ser visível por volta dos séculos XVIII e XIX, e é uma mescla da teoria dos dois mundos com a próxima, chamo-a de Teoria da androgenia psíquica e consiste na crença de que, embora haja características opostas masculinas-femininas, elas seriam dois extremos de uma mesma retas, não havendo, portanto uma pessoa com a mente de um "tipo sexual puro", mas todos seríamos, mentalmente, homens e mulheres ao mesmo tempo. Contudo, dependendo de seu sexo biológico, a mente seria mais de um jeito que de outro. Quando "sexo" e "gênero" passam a ser consideradas coisas diferentes, a teoria da androgenia psíquica vai defender que corpo e mente não são necessariamente do mesmo sexo/gênero (isso é, um homem pode ter a mente de uma mulher e uma mulher pode ter uma mente de homem). Esse paradigma é muito forte nas teorias psicodinâmicas e, juntamente com a anterior, nunca se tornou um campo independente, sendo chamado de "Psicologia masculina" ao falar sobre o pólo, supostamente, predominante em homens. 
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3) A terceira, nasce com a distinção entre "sexo" e "gênero" no século XX. Essa teoria defende que os conceitos "homem" e "mulher" são meras representações simbólicas construídas pela sociedade, não havendo diferença real entre os dois. Assim, qualquer diferença entre homens e mulheres é simples consequência entre o que uma sociedade permite a um sexo e proíbe ao outro, não havendo nenhuma diferença inata. Ela ganha muita força quando R. W. Connell lança a teoria das múltiplas masculinidades e feminilidades, defendendo que o patriarcado colocou no poder a "masculinidade agressiva, invulnerável, dominadora" e a "feminilidade dócil e submissa", considerando-as as únicas formas verdadeiras de ser homem ou ser mulher e marginalizando todas as outras. É muito frequente em teóricos feministas e sócio-construtivistas e é a teoria dominante em teóricos atuais, sendo que, em 1995, American Psychological Association funda a 51ª divisão, a Sociedade para o Estudo Psicológico de Homens e da Masculinidade, e chama essa vertente de Psicologia do Homem e da Masculinidade.
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4) Poderíamos considerar uma quarta forma, as teorias que, ao invés de discutirem a origem das diferenças entre os sexos/gêneros e sua relação, criticam a forma como autores contemporâneos falam dos homens e das características masculinas apenas como algo negativo e buscam reequilibrar a situação enfatizando apenas os aspectos positivos de homens. Entretanto, tais autores raramente têm seus trabalhos aceitos pela comunidade científica e a divulgação se dá pela afiliação a Movimentos pelos Direitos dos Homens, não tendo um nome específico.



Todas essas quatro teorias parecem simples demais para serem verdadeiras. Gilmore, em seu livro Manhood in the making, mostra brilhantemente as falhas de cada teoria (exceto a última que não é analisada), e, como esse post já está longo demais, sugiro que o interessado procure a obra do autor. Aqui, vou limitar-me a dizer que não possuem embasamento empírico confiável e apresentar minha proposta.

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Em primeiro lugar, o foco da Psicoandrologia não tem compromisso com uma ideologia, filosofia ou movimento específico e sim com a Ciência. Assim, ela tem como fundamento evidências científicas, fatos e teorias passíveis de serem testadas, confirmadas e, principalmente, refutadas. Em segundo lugar, dada a complexidade de fenômenos humanos e a dificuldade de determinar o que é inato e o que é aprendido ou o quanto cada um contribui no fenômeno, essa preocupação deve ficar em segundo plano.

É o bastante para nós, saber que, por qualquer motivo, os sexos são diferentes de muitas formas. Sendo assim, pode ser necessário abordagens diferentes para seus problemas psicológicos. (Kipnis, 2004, p. 187)
Por fim, quem é o homem estudado pela Psicoandrologia? Certamente não é o Homem universal, representante de toda a humanidade. Contudo, também não podemos aceitar que as leis da psicoandrologia sejam aplicáveis a qualquer pessoa simplesmente porque ela se identifica mais com o papel socialmente atribuído aos homens (machos) do que ao das mulheres (fêmeas). Isso tornaria o termo "homem" vazio de sentido e a psicoandrologia seria uma ciência sem objeto de estudo, pois a Psicologia já estuda o Homem-humano.
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Por esse motivo, o homem da psicoandrologia, pelo menos por enquanto, é o macho cis-gênero, ou seja, a pessoa que nasceu do sexo masculino e se identifica como homem. É necessário ampliar nossa compreensão sobre transsexuais e as diferenças sexuais antes de podermos afirmar qualquer semelhança ou diferença entre uma pessoa fêmea, mas que se identifica como homem (e talvez, feito cirurgia pra mudança de sexo) e alguém cuja identidade está de acordo com o esperado para o seu sexo.

Obras citadas

Gilmore, D. D. (1990). Manhood in the making: cultural concepts of masculinity. New Haven, NY: Yale University.

Kipnis, A. R. (2004). Knights without armor: A guide to the inner lives of men (3rd ed.). Santa Barbara, California, United States: Indigo Phoenix Books.