Poucas pessoas sabem o que é Depressão pós-parto (DPP), menos ainda que homens também podem ter DPP. Os primeiros estudos sobre a DPP paterna só surgiram há pouco mais de 10 anos, quase exclusivamente no norte da Europa. Indo direto ao ponto, a DPP consiste em um tipo de Depressão (tristeza doentia) que surge até um ano após o nascimento de uma criança.
Já na gestação e, principalmente, nos primeiros meses de vida do bebê, tanto o homem quanto a mulher sofrem mudanças hormonais, sociais e na autoimagem, desorganizando a rotina e o bem-estar de ambos os genitores. Por exemplo, se você já teve filho, provavelmente ficou noites sem dormir direito, passou a brigar mais com a mãe da criança que antes do nascimento, ia trabalhar exausto e irritado. Porém, dificilmente teve a oportunidade de conversar sobre isso. (Almeida, 2007; Oliveira & Silva, 2011, 2012; Postpartum Men, 2017).
Não se sabe ao certo quantos homens sofrem de DPP, estima-se que entre 10 e 25% dos pais possuem os sintomas. Ou seja, a quantidade de pais que desenvolve DPP pode variar de um para cada dez pais a até um caso de DPP para cada quatro pais. O que parece certo é que há uma relação entre a DPP paterna e a materna, ou seja, se a mulher apresenta DPP, o homem, provavelmente, também terá, e vice-versa. (Lovizutto & Schiavo, 2014)
Alguns pesquisadores sugerem que homens tendem a apresentar sintomas diferentes que as mulheres quando acometidos de Depressão (ex.: Hart, 2001). Sendo assim, é importante prestar atenção em sintomas clássicos e os da chamada "Depressão mascarada":
Sintomas clássicos
- Sentimentos de tristeza, culpa ou vergonha constantes;
- Crença de se ser inadequado, incompetente, imprestável;
- Perda de apetite;
- Insônia;
- Falta de desejo sexual
- Inquietação;
- Falta de energia ou cansaço o tempo inteiro;
- Dificuldades em criar uma ligação ou cuidar do bebê;
- Falta de concentração ou dificuldade de tomar decisões;
- Isolamento;
- Pensamentos que irá machucar o bebê;
- Pensamentos recorrentes de se matar
- Irritabilidade ou comportamento agressivo;
- Uso excessivo de álcool e drogas;
- Impulsividade (dificuldade de se controlar);
- Comportamentos de risco (ex.: dirigir sem cuidado, sexo com muitas pessoas etc).
- Dores físicas sem causa orgânica (ex.: dores de cabeça ou de estômago);
- Vício por trabalho ou fazer esportes;
Os efeitos ainda são desconhecidos, mas sugere-se que prejudica as relações conjugais, podendo culminar em divórcio, e as habilidades sociais das crianças, principalmente meninos, isso é, as crianças tendem a apresentar dificuldades de relacionamento com os outros, como problemas de agressividade, baixa autoestima e isolamento, podendo desenvolver transtornos mentais; além, é claro, de todos os problemas decorrentes de outras formas de Depressão.
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Obras citadas
Almeida, M. B. V. B. de (2007). Paternidade e subjetividade masculina em transformação: crise, crescimento e individuação, uma abordagem junguiana. Dissertação de mestrado, Universidade de São Paulo. Recuperado em http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/47/47131/tde-13082007-150555/pt-br.php
Lovizutto, M. das G. F. F., Schiavo, R. da A. (2014). O que sabemos sobre a Depressão Pós-parto paterna? Psicologado, recuperado em: https://psicologado.com/psicopatologia/transtornos-psiquicos/o-que-sabemos-sobre-a-depressao-pos-parto-paterna
Oliveira, A. G. de; & Silva, R. R. (2011). Pai contemporâneo: diálogos
entre pesquisadores brasileiros no período de 1998 a 2008. Revista
Psicologia Argumento, 29(66), 53-360. Recuperado em: http://www2.pucpr.br/reol/pb/index.php/pa?dd1=5293&dd99=view&dd98=pb
Oliveira, A. G. de; & Silva, R. R. (2012). Parto também é assunto de homens: uma pesquisa
clínico-qualitativa sobre a percepção dos pais acerca de suas reações
psicológicas durante o parto. Interação em psicologia, 16(1), 113-123. Recuperado em
http://bases.bireme.br/cgi-bin/wxislind.exe/iah/online/?IsisScript=iah/iah.xis&src=google&base=LILACS&lang=p&nextAction=lnk&exprSearch=668938&indexSearch=ID.
Postpartum Men. (2017). Postpartum men: helping men beat the baby blues and overcome depression. Recuperado em http://postpartummen.com/