sábado, 24 de junho de 2017

Homens são esquecidos na gravidez e parto

A gestação costuma ser descrita pelos homens como um período tranquilo, em que sua única tarefa é oferecer apoio à mulher. Entretanto, como precisa que a mulher seja uma mediadora entre ele e o bebê, o homem pode ter dificuldade em perceber o bebê como real e de se sentir pai (Johansson et al., 2015).
Estudos em fisiologia indicam que os homens sofrem variações hormonais semelhantes às sofridas pelas mulheres quando estão próximos a uma criança, ou quando acreditam estar próximos a uma criança (Nunes-Costa et al., 2014). Além disso, é comum que, durante a gestação e parto, os homens sintam medo, ansiedade, pânico, impotência, felicidade, curiosidade, orgulho e sensação de estar enlouquecendo (ver por exemplo: Johansson et al., 2015; Oliveira; Silva, 2012).
Um estudo nos Estados Unidos encontrou que homens que não irão morar com seus futuros bebês apresentam mais sintomas depressivos no final da gestação. Após o nascimento, os sintomas depressivos costumam diminuir, enquanto o oposto acontece com os pais que irão morar com o bebê. Nesse caso, sintomas depressivos tendem a aumentar durante os primeiros cinco anos de vida do bebê. (Garfield et al., 2014).
Recentemente, pesquisadores de vários países pedem que se deixe o homem ficar junto da mulher durante todas as etapas do trabalho de parto e parto, pois isso melhora o relacionamento conjugal, a relação entre o homem e o bebê, diminui a necessidade de analgésicos, sedativos e diminui as chances da mulher ter alguma complicação durante o parto. (ver, por exemplo, Espírito Santo; Bonilha, 2000; Perdomini; Bonilha, 2011).
No Brasil, entrou em vigor a lei 11.108 no ano de 2005, conhecida como lei do acompanhante, que deveria garantir que, durante todas as etapas do trabalho de parto e parto, a mulher terá um acompanhante de sua escolha. Entretanto, há indícios de que isso ainda não ocorre (ver, por exemplo, Oliveira; Silva, 2012).
Não consegui encontrar dados oficiais, mas, segundo o estudo de Diniz et al. (2014), entre Fevereiro de 2011 e Outubro de 2012, quase 25% das mulheres ficaram sem acompanhante o tempo inteiro. Das que tiveram acompanhante, mais da metade tiveram só por um tempo e, em menos da metade dos casos, esse companheiro era o pai da criança.
Além disso, a maioria dos homens concorda que o pré-natal deva focar na mulher, mas reclamam que não sabem o que fazer com a informação recebido, isso quando não entram na sala de parto sem nenhuma informação. Dessa forma, continuam excluídos mesmo quando estão presentes (ver, por exemplo, Fenwick et al., 2011Oliveira; Silva, 2012).

Por fim, devemos garantir que a paternidade seja algo gratificante para os homens, não transformá-la numa obrigação que ele deve cumprir para provar algo a alguém, pois isso pode trazer mais sofrimento do que benefícios. (Osherson, 1992; Piccinini et al., 2004)

E você, passou ou conhece alguém que passou por algo assim? Conhece alguém que foi diferente? Conte-nos sua experiência.

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Obra citada não disponível on-line
Osherson, S. Os homens e o amor. São Paulo: Círculo do livro, 1992

sábado, 10 de junho de 2017

Síndrome de couvade - gravidez masculina

A Síndrome de couvade ("chocar" em francês) é quando um homem apresenta sintomas físicos ou emocionais enquanto sua companheira está grávida. Isso foi muito estudado durante os anos 80, no exterior, e, desde então, foi praticamente esquecida pelos cientistas.
O único trabalho brasileiro que já encontrei, até hoje, é o de Martini e colaboradores (2010) e, como eles demonstram, cada pesquisador usa critérios diferentes para dizer se um homem apresenta um quadro de Síndrome de couvade ou não, o que torna difícil falar alguma coisa sobre a Síndrome. O que parece estar de comum acordo é que os sintomas devem desaparecer com o nascimento do bebê, ou pouco antes, e não afetam a saúde do homem a ponto de precisar de tratamento.
Acredita-se que entre 11% e 97% dos homens, durante a gestação de suas companheiras, têm sintomas relacionados à gravidez. Os sintomas citados com mais frequência são vômito, perda de apetite, dores nas costas, nos dentes ou de cabeça. Alguns pesquisadores também incluem vontade de comer determinados alimentos (desejo de grávida), azia, dor de barriga, dificuldade de respirar, depressão (tristeza permanente), dificuldade para dormir, irritação fácil e gagueira.

Existem 3 (três) teorias de por que alguns homens têm esses sintomas durante a gravidez da companheira:

  • Teoria psicossocial: Tornar-se pai é um processo difícil que envolve muitas mudanças, inclusive na forma como o homem vê a si mesmo. Há sociedades que, para ajudar o homem a passar por essa mudança, realizam rituais de passagem. Por meio desses rituais, o homem estará preparado para ser pai e será visto oficialmente por toda a sociedade como capaz. A sociedade ocidental não prepara o homem para ser pai e geralmente vê a paternidade como tendo pouca importância. Sem a ajuda da sociedade, a mente faz o homem se sentir preparado criando a ilusão de que é ele quem está grávido;
  • Estudos sobre a parentalidade: Para essa teoria, a existência dos sintomas está relacionada com o desejo do homem de ser pai. Quando um homem está realmente envolvido na criação da criança e deseja ter um papel ativo na criação dela, o vínculo que o pai estabelece com o feto e seu "bebê imaginário" são tão fortes que provocariam uma gravidez psicológica;
  • Psicanalítica: Até, mais ou menos os 5 (cinco) anos de idade, as crianças acreditam que podemos mudar de sexo naturalmente. Assim, meninos acreditam que poderão engravidar e amamentar um dia. Quando percebemos que o sexo é algo fixo, o desejo de engravidar seria "abandonado", mas, quando a mulher engravida, o desejo volta na forma de inveja da mulher, geralmente, sem que o homem perceba que tem inveja. Para "competir" com a mulher e realizar seu desejo de engravidar, a mente do homem copia os sintomas da mulher e faz com que o homem também sinta.
Para você, qual das três faz mais sentido? Você tem alguma outra teoria? Então conte-nos nos comentários. Lembre-se de me seguir aqui, no Youtube, no Facebook, Twitter,  Google + e no LinkedIn