Tenho falado até agora das diferenças principais, que parecem ser o núcleo da masculinidade e feminilidade, mas há outras menos impactantes.
Uma delas é que homens tendem a formar grupos maiores que as mulheres, estabelecem hierarquias formais naturalmente e tendem a competir como uma forma de se aproximarem emocionalmente. As mulheres parecem preferir grupos menores, não estabelecem hierarquias (ou pelo menos, parecem não estabelecer e, quando estabelecem, elas são mais fluídas) e usam a cooperação como forma de aproximação emocional.
Uma teoria do porquê isso ocorre está relacionado aos níveis de testosterona no cérebro. Em geral, quanto mais testosterona, mais competitiva é uma pessoa e mais ela busca por status. Isso pode ser comprovado através das hienas, pois a fêmea possui mais testosterona que o macho e os comportamentos estereotipados de cada gênero é o oposto do esperado nos mamíferos.
Outro possível motivo é que essas características foram selecionadas ao longo da história evolutiva. Como as mulheres estavam constantemente engravidando, elas precisavam gastar muito tempo cuidando das crianças. Competir para ver quem cuida melhor de crianças não é tão eficiente quanto cooperar para que todas cuidem das crianças, além de ser mais fácil se forem formados grupos menores sem hierarquias (ninguém gosta de ter alguém gritando no seu ouvido como criar seu filho).
Por outro lado, os homens ficavam responsáveis pela produção material e competições são ótimas para incentivar as pessoas a criarem e produzirem coisas novas e em maior quantidade. Grupos maiores conseguem realizar tarefas que grupos pequenos não conseguem e a hierarquia (um manda e os outros obedecem) ajuda a evitar que o grupo gaste muito tempo em discussões em que há divergências.
Essas diferenças contribuem para que homens e mulheres vejam o mundo de forma diferente, se relacionem de forma diferente com o mundo e acabem se desentendendo. O que acha de diminuir esse desentendimento passando uma manhã comigo para discutirmos isso melhor?
Fontes:
Baumeister, R. (2010). Is there anything good about men?: How cultures flourished by exploiting men. New York: Oxford University Press
Farrell, W. (2014). The myth of male power: why men are the disposable sex (Ebook Kindle). Original de 1993
Gilmore, D. D. (1990). Manhood in the making: cultural concepts of masculinity. New Haven, NY: Yale University Press
Kiselica, M. S. (2010). Promoting positive masculine while addressing gender role conflict: a balanced theoretical approach to clinical work with boys and men. In: C. Blazina & D. S. Shen-Miller (Ed.). An international psychology of men (pp. 127-156). New York: Routledge
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