domingo, 14 de janeiro de 2018

Nota de repúdio à matéria veiculada na Folha de São Paulo em 14/01/2018


No dia 14 de Janeiro de 2018, o jornal Folha de São Paulo publicou matéria escrita pelo colunista Reinaldo José Lopes, na qual ele utiliza de argumentos incompletos e superficiais para defender que "homem não presta", que "violência e estupidez são coisas de homem", disseminando o ódio contra os homens e reforçando o estereótipo da "masculinidade tóxica".

O autor justifica sua opinião alegando que há correlação entre ser homem e estar envolvido em casos de violência e de acidentes, mas o mesmo acontece com outros grupos, como negros e pobres, mas defender que "negros não prestam" ou que "violência é coisa de pobre" jamais seria admitido.

Embora seja verdade que a maioria dos casos de agressão tenha os homens como perpetradores e muitos acidentes evitáveis tenham os homens como as principais vítimas, o colunista não menciona que homens são mais propensos a arriscar a vida para proteger os outros, sendo maioria dos policiais, bombeiros e qualquer outra profissão perigosa, além de estudos comparando a violência sofrida e perpetrada por cada sexo, e isentos da narrativa feminista homem-agressor/mulher-vítima, demonstram haver simetria tanto na agressão quanto na vitimização, mudando apenas a modalidade. Assim, enquanto homens são mais propensos a agredirem de formas facilmente perceptíveis, como a violência física e sexual, as mulheres são mais propensas a praticarem atos de violência mais difíceis de serem reconhecidos, como a violência psicológica, o mau-trato infantil, envenenamento e pedir que outra pessoa cometa a violência por ela. (exemplos podem ser encontrados nos livros de Warren Farrell, nos escritos de Murray Straus, Simone Alvim e outros).

Se invertêssemos os papéis e tivéssemos um artigo dizendo que "mulheres não prestam" ou que usasse o fato de a maioria quase absoluta de alienadores parentais e pensões ter a mulher como beneficiária para dizer que "manipulação e extorsão são coisa de mulher", esse artigo seria facilmente considerado discurso de ódio contra a mulher e todos os meios de comunicação do país estariam exigindo a retratação e punição dos envolvidos. Sendo assim, repudiamos as declarações ofensivas publicadas no jornal e exigimos a imediata retratação dos envolvidos.

Reconhecemos que não se trata de homens não serem maioria dos envolvidos em atos de violência ou não fazerem coisas "estúpidas". Mas entendemos que o combate à discriminação de gênero, presentes no artigo 5º da Constituição Federal de 88 e no artigo 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos, vai além de combater a violência contra a mulher. Somos contra a tentativa cada vez mais comum de transformar o sexo/gênero masculino em um inimigo, de fomentar o ódio através da segregação da sociedade em mocinhos e vilões e exigimos que os homens sejam reconhecidos como seres humanos, seres imperfeitos com qualidades e defeitos.

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