sábado, 16 de setembro de 2017

Trabalho e suicídio - quanto vale a vida do homem?

O trabalho é tão importante para os homens que o desemprego e a aposentadoria aumentam as chances de homens se suicidarem, mas não têm o mesmo efeito em mulheres.

Isso porque, em praticamente todo o mundo, ser um produtor é condição indispensável para que o homem seja digno de ser respeitado e amado. Ser um "homem de verdade" é, geralmente, associado com a capacidade de sustentar a si mesmo, à sua família e, se possível for, por que não o bairro ou uma instituição. No Japão, por exemplo, a vida de um homem é considerada inútil e desonrada se não estiver a serviço dos outros.

Para eles, uma vez que é impossível vivermos sozinhos, pelo menos nos primeiros anos de vida, todos temos uma dívida com a sociedade, dívida que só pode ser paga ao morrer protegendo, sustentando e cuidando dos outros. Não é a toa que as cartas e documentos deixados pelos pilotos kamikaze demonstram um tom de orgulho e alegria em serem escolhidos para se suicidarem em combate. Porque assim, sua dívida estaria paga.

Tal mentalidade é tão forte que, mesmo nesses tempos de "equidade", educamos as mulheres para trabalharem e serem independentes, poderem comprar suas roupas, maquiagens e afins sem terem de pedir dinheiro para o marido, mas ainda dizemos aos nossos filhos que eles devem procurar um "bom emprego" (o que geralmente significa um emprego que pague muito) para constituir uma família.

Assim, para o homem, o desemprego nunca é um simples contratempo econômico ou problemas financeiros, mas ao não ter emprego, o homem também costuma perder a sua própria identidade de homem, algo que, psicologicamente, pode explicar o aumento de casos de disfunção erétil (impotência sexual) em homens desempregados.

BAUMEISTER, R. F. Is there anything good about men?: How culture flourished by exploiting men. New York: Oxford University Press, 2010. Cap. 9-10, p. 187-220.

FARRELL, W. Por que os homens são como são (tradução de Paulo Froes). Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1991.

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