sábado, 8 de julho de 2017

a falácia do "machismo" - por que nem tudo pode ser culpa do homem

Ser homem não é um mar de rosas como algumas pessoas parecem acreditar. Embora possa ser verdade que homens tenham "privilégios" em algumas áreas, estão em sérias desvantagens em muitas outras, como expus aqui. Durante alguns anos, isso foi um problema para o Feminismo, até que fizeram uma incrível descoberta: O machismo também é prejudicial aos homens e é ele o culpado por todos os problemas que expus.

Entretanto, não posso aceitar que o machismo seja prejudicial aos homens e responsável pelos situações em que parece que o sexo "privilegiado" é o feminino. Antes que me critiquem e xinguem, peço que leiam todos os meus argumentos (e, se não concordarem, refutem meus argumentos, não meu sexo, idade, experiências pessoais ou outra coisa irrelevante).

Robert Cialdini (2006) fala de um estudo em que foi analisado a resposta das pessoas a um pedido para furar a fila para usar uma copiadora (xerox). No primeiro teste, o furador de filas perguntou a quem estava a sua frente "Desculpa, tenho cinco páginas. Posso usar a máquina de xerox?" e 60% das pessoas o deixaram passar na frente. Quando repetiram o experimento, mudando a pergunta para "Desculpa, tenho cinco páginas. Posso usar a máquina de xerox porque tenho que fazer cópias", 93% das pessoas o deixaram passar na frente.

Esse aumento não faz sentido já que, supostamente, todos os que já estavam na fila queriam tirar cópias, mas elas deixaram apenas porque ele deu uma justificativa. Nós, humanos, gostamos de explicações, mesmo que elas não façam sentido, e somos mais propensos a aceitar aquilo que nos é explicado. Na minha opinião, é isso que acontece com a resposta "é culpa do machismo", pelos seguintes motivos:

 1) O que é machismo? Originalmente, era usado em países de língua espanhola e portuguesa para se referir a um ideal que todo homem deveria buscar, ser um homem corajoso, forte, protetor, provedor, inteligente e com capacidade de liderança. Hoje, é frequente ouvirmos que "machismo é a crença de que homens são superiores às mulheres" e há quem parece chamar qualquer observação sobre diferenças de gênero de machismo (especialmente, seguidores de Judith Butler). Se nem mesmo o movimento feminista possui uma definição clara sobre o significado dessa palavra e, se eu não consigo explicar um termo, como posso acusá-lo de ser causa de algo? Etimologicamente, machismo significa "ideologia masculina; forma de pensar do homem" (macho+ismo). Logo, ao dizer que o machismo é ruim e precisa ser combatido, eu estou defendendo que existe um jeito de pensar masculino e outro feminino, que um é certo e o outro errado. Isso não é equidade, é discriminação. E antes que digam que "machismo é usado para dar visibilidade à opressão contra a mulher", por que não chamamos o racismo de "europismo", ou a homofobia de "heterossexismo"?

2) Como acontece com a maioria dos -ismos (e, agora, com as -fobias), machismo é apenas um nome dado para um conjunto de comportamentos e crenças, logo não pode ser causa de si mesmo. Dizer que alguém foi discriminado porque existe discriminação é, no mínimo, redundante. Há duas semanas, saiu uma reportagem de um homem, Alfredo Tucumán, que morreu agredido pela esposa (leia assassinado e vítima de violência doméstica/conjugal/na intimidade). Ele chegou a avisar a polícia, que fez pouco caso, e teve quem acusou o machismo de ser o responsável. Mas como dizer que "a crença de que homens são mais fortes que mulheres e, portanto, não podem apanhar delas" pode ser causa de os policiais acharem que um homem deveria ser capaz de se defender de uma mulher?
3) Se o machismo privilegia o homem e oprime a mulher, a situação do homem deveria ser sempre melhor que da mulher. No mesmo caso do homem assassinado pela esposa, se o machismo fosse tão tendencioso a sempre dar razão para o homem, a palavra dele deveria ser suficiente para encarcerar a mulher e não o foi. Connell (2005) "resolve" o problema de como o "privilégio pode ser prejudicial" dizendo que os problemas masculinos são o preço que homens tiveram que pagar por serem privilegiados. Entretanto, desde quando privilégios têm lados negativos? Qual foi o preço que os europeus pagaram quando escravizaram os africanos? Os nazistas eram mais de 90% da população carcerária quando perseguiam os judeus? Além disso, esse argumento não é aplicável à "opressão às mulheres"? Eu poderia perfeitamente dizer que a dependência econômica das mulheres, no passado, era o preço que elas deveriam pagar pelo privilégio de serem sustentadas financeiramente.

4) Apenas para enfatizar algo que já disse, mas pode ter passado batido por não estar em foco, todos os -ismos e -fobias tendem a ter um mesmo problema: por serem apenas nomes, nenhum deles aumenta minha compreensão do fenômeno, logo não me permitem pensar em intervenções eficientes. Troque "machismo" por "homofobia", "racismo" ou "capitalismo" e o sentido da frase não muda, só muda o nome do grupo que eu estou responsabilizando.
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Obras citadas

Cialdini, R. (2006). Influence: the psychology of persuasion (revised ed.). [S.l.]: Harper Business.
Connell, R. W. (2005). Masculinities (2nd ed.). Los Angeles: University of California Press

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